segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Uma vida bela

Tu és grotesco, eu digo,
Grotesco em carne,
Em pessoa,
Em pensamento.
Tua vida é grotesca.
Tu fazes dela desarmônica ,
Impura,
Bizarra.

Tua vida é tua.
Tu fazes o que e queres dela:
Festa, lancha, pára-quedas, lanche.
Marque-a como bem entender!
Beije-a, morda-a, rasgue-a, esprema-a, destrua-a;
Ate reduzi-lá a você

Tuas marcas são você.
Sem marcas, tu não és,
Sem marcas, tu não vives.

Marque tua existência
Com as mais profundas feridas
E compartilhe dores

Até desintegrar-se em evolução.

domingo, 8 de abril de 2018

Por amor, ela e ele

Ela e ele se casaram por amor E por amor, eles prometeram fidelidade, até a morte. Por amor, ela, que não queria ter filhos, engravidou. E por amor, ele resolveu trabalhar mais para por dinheiro e comida pra dentro de casa. 

Mal sabia ele que, por amor, ela não aceitou a promoção no trabalho para cuidar do filho, que foi feito por amor. Foi por amor que eles tiveram um segundo filho, afinal, se há amor, onde cabe um cabe outro.

Por amor, ele foi ficando cada vez mais ocupado com o trabalho, que ele se dedicava por amor.

E pelo mesmo amor, ela se reprimia cada vez mais, mas era por amor, então não tem problema.


Foi por amor que ela chamava o vizinho pra ajudar a concertar a pia, pois ela não gostaria de atrapalhar ele, que trabalhava demais por amor.

Foi por amor que o vizinho frequentava mais que o necessário a casa dela. E por amor, ela não se incomodava, afinal, ele já não dava mais o amor que ela precisava. 


Um dia, por amor, ele negou uma promoção. Ele saiu mais cedo do trabalho e, por amor, comprou um vinho e uma comida da rua. Mas por amor, ela estava com o vizinho, despidos e desesperados, ambos, por amor. Ele, por amor, não reagiu de forma agressiva. Foi por amor que ele se virou e saiu. Quieto. Pensativo. Humilhado.



Foi por amor que ele e ela não se amavam mais, e por amor, os dois se deram amor da forma que os agradava, ele por amor ao trabalho, e ela por amor à presença. 


E terminou assim: por amor, ela e ele cumpriram a promessa: fidelidade no amor, até ele morrer.


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Um minuto para o abraço


O celular está a dez centímetros do meu alcance.

O mundo está a dez centímetros do meu alcance.

E você está ali. A 14 horas de carro e a menos de 1 minuto para o contato.

Você está ali. Ali pra mim. Umas vibrações e vruuuum......vruuum....vruuuummm...alô?

Você chegou. 

Chegou digital, mas chegou. 


Você está tão perto e tão longe... você está tão presente e, ainda, faz tanta falta em mim...


Quando é que terei você a um minuto do meu abraço? 

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Auto-definição

Eu tenho em minha mãos, um papel em branco.
Nele, posso escrever.
Escrever o que eu quiser.

Nele, defino sentimentos,
Influencio pessoas,
Crio teorias,
Invento ideias,
Faço revoluções.

Nesse papel posso até me matar;
Ser outra pessoa em forma de eu-lírico.

Posso até não escrever nesse papel.

Posso deixar a caneta de lado e dobra-lo em formas e ângulos deferentes. Posso dobrá-lo,
Rasgá-lo,
Molha-lo,
Queima-lo..
Mas tudo isso so me diria o que ja sei.

Assim como meu corpo,
O papel e o meio material pelo qual minha alma se expressa.

O papel e meu corpo,
É minha vida,
Sou eu.


Sou um papel rabiscado de poemas.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Perda de Tempo

Eu me arrependo do tempo perdido
Me arrependo do tempo,
E de não usá-lo da maneira
Na qual me foi oferecido.

Aquele tempo longo
Que passa por mim calmo
E me cumprimenta rapido,
Se perdendo em seu próprio si.

O tempo, que diz ser curto,
Se estende por dias, anos, décadas…
E vem de lerdeza para dentro de mim.
Criando um ambiente paralelo não sincronizado.

Dissincronia que me torce e sofro.
Morro de tedio na lerdeza interna.
Ser lento imerso em velocidade.
Desorientado pelo medo de não saber correr.

Me arrependo de não saber correr.
De não saber acompanhar aqueles
Que vivem em sincronia à velocidade

Dos meus dedos sobre as teclas desse computador.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Cria de Milico

Me perguntam de onde sou
De onde é meu sotaque
Tão único, jeitoso, misturado.
Respondo: sou do Brasil

Sou do Brasil e o Brasil é meu.
Nos pertencemos e nos possuímos.
Relação estável de mudanças.
Conhecimento amplo e especifico de nós.

Eles insistem: não, eu entendi!
Mas quero saber
Por qual parte do Brasil
Você e representado!

Me esforço em explicar:
Você não entendeu…
O Brazil me representa,
E eu o represento.

Somos misturas de partes um do outro.
Ele maior que eu, mas nós - misturas -
Proporcionais à todas as mudanças,
Vivências, tempos passados, perdas e ganhos.

Somos eu por ele e ele por mim.
Somos lobo e alcateia.
Somos pulso e relógio.
Nos completamos e nos protegemos.

Já sem paciência, eles secam:
Onde você nasceu?
Feliz com a correção, respondo:

Na AMAN

domingo, 28 de janeiro de 2018

Sou poeta

Luto contra ideais
Que sigo sem refletir.
E repito frases prontas
Que não me traduzem.

Meus costumes e tradições,
Essa cultura que me rodeia,
Quer me generalizar,
Ela quer me uniformizar.

Mas sou diferente,
Sou único como qualquer um,
Como eles, como você…


Sou poeta.